Sony vs Hackers, entenda essa batalha

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A Sony está levando a maior surra virtual da comunidade hacker e, ao que parece, o problema parece longe de acabar. Se você não conhece o caso, aqui vai um geral básico: a Sony vem alardeando, desde o lançamento do PlayStation 3, em 2006, a invulnerabilidade do sistema e a impossibilidade de usar a rede PlayStation Network com jogos piratas. Esse alarido só fez aumentar o desejo da comunidade hacker de procurar brechas e tentar quebrar o sistema, mais pelo prêmio do reconhecimento público que necessariamente pelo desejo de piratear jogos – imagem frequentemente associada à comunidade, mas que nem sempre corresponde à verdade. No ano passado, o jovem hacker George Hotz, mais conhecido como GeoHot, divulgou na rede uma versão modificada do firmware 3.21 para o console PlayStation 3, que supostamente restauraria o suporte ao SO Linux. Imediatamente a Sony respondeu com o batalhão de advogados, processando GeoHot e outros hackers aparentemente envolvidos com a disseminação da quebra do sistema, recurso conhecido como jailbreak. Nesse período, GeoHot chegou a fazer uma suspeita viagem, talvez para evitar complicações maiores com o processo, embora tenha divulgado que estava apenas curtindo férias, e criou até um debochado rap em resposta à ação movida pela Sony (veja o clip) Em meados de abril, houve um acordo sigiloso entre as partes, mas a comunidade hacker já havia se unido em apoio a GeoHot e chegou a ameaçar publicamente a corporação japonesa, declarando ‘guerra digital’. O caso mais comentado do período talvez tenha sido o comunicado do grupo Anonymous, que declarou: “O conhecimento é livre. Não perdoamos. Não esquecemos. Espere por nós!”. Desde então, o que se tem visto é uma longa sequência de ataques à rede PSN, que saiu do ar em 22 de abril, voltando aos poucos para seus pacientes usuários, e, mais recentemente, ao banco de dados dos assinantes de outros serviços da empresa. De acordo com o site Bloomberg o ataque à Sony utilizou até mesmo o sistema da Amazon para efetuar o roubo de informações. Para piorar o estrago na imagem institucional da empresa, recentemente ficou comprovado que a Sony tinha conhecimento das falhas no sistema de segurança já há algum tempo, sem tomar as devidas providências para assegurar os dados de assinantes. Envergonhados, os executivos chegaram a vir a público para se desculpar pelas falhas na segurança na PSN, informa o site Business Insider. E a situação da corporação não parece próxima de melhorar. A empresa tem sido acusada de ser contrária à inventividade de seus consumidores mais ousados e criativos, parece haver certa desconfiança entre os usuários, os hackers continuam odiando a Sony com frequentes promessas de continuar causando estragos e “graf_chokolo”, um conhecido hacker dedicado a programar Linux para o hardware do PS3, já declarou online que a Sony só conseguirá detê-lo cometendo um crime contra a sua pessoa. Apenas para se ter uma ideia da dimensão do estrago até aqui, inicialmente a rede PSN foi hackeada, depois, a Sony Online Entertainment e, em seguida, o site da Sony tailandesa. Então, veio o ataque à rede So-Net, que opera fora do Japão, à Sony Music da Indonésia, da Grécia, a loja virtual da Sony Ericsson e a Sony BMG do Japão. Para Roger Tavares, doutor em games pela PUC de São Paulo e criador da comunidade GameCultura, o episódio revela um problema crítico de falta de percepção e comunicação adequada da empresa com esta comunidade. “Liberdade de software não está acima da ética, mas ‘cavalaria jurídica’ (contra os hackers) em nossa época é quase uma piada”, sentencia. “Uma boa comunicação ainda é a melhor estratégia, e eu teria tentado uma conversa com representantes da comunidade hacker antes de qualquer demonstração de forca bruta”, finaliza. Tavares acredita que as grandes empresas como a Sony deveriam saber tirar melhor proveito desta facilidade de contato com usuários e público, proporcionada pela rede digital. “Já passou da hora de se adequarem aos novos modelos de negócios que as tecnologias digitais demandam, e usarem essas tecnologias para entenderem e conversarem com as comunidades, e não apenas para colherem dados de feedback e fazerem propaganda”, opina ele. “Dos jogadores à Sony, passando pelas produtoras de games, todos foram prejudicados”, conclui. Para Marcos Chien, advogado tributarista, atuante no direito aduaneiro e direito intelectual, e conselheiro jurídico da ACIGAMES, o caso é complexo, pois “como qualquer atividade empresarial, a Sony tem o direito de receber pelos seus serviços e a obrigação de oferecer bons serviços e manter o sigilo dos dados, (mas) se um hacker quiser modificar o sistema, única e exclusivamente para si, é um direito dele. Contudo, ao divulgar a modificação, mesmo que para ajudar a melhorar o sistema do PSN, ele viola um dos princípios mais importantes do direito de propriedade”, afirma o tributarista. Para ele, se algo pode ser considerado positivo no caso é o fato de que a divulgação da fragilidade do sistema obriga a Sony a aprimorar seu firmware e o sistema de segurança. O principal argumento a favor dos hackers pode ser o fato de que se você paga por algo, deveria fazer o que quisesse com ele. Na compra de um carro, de um computador ou de celular, você é livre para personalizar o produto, observa reportagem do site da PC World. Então porque não o PS3? Não há resposta definida mas, ao que parece, a empresa arrumou um enorme problema neste embate com a comunidade hacker. Os seguidos ataques aos vários serviços e negócios da corporação já estão custando, segundo informações do site Silicon Valley, algo em torno de US$ 170 milhões, quase o prejuízo do terremoto recentemente ocorrido no Japão. O terremoto na Sony, diferente da calamidade ocorrida no Japão, não parece ter prazo para acabar.
Fonte: Digerati


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